quarta-feira, 25 de junho de 2014

Professores portugueses são dos que perdem mais tempo a manter a disciplina nas aulas



Professores portugueses são dos que perdem mais tempo a manter a disciplina nas aulas


A indisciplina dos alunos nas salas de aula preocupa, o horário é dos mais sobrecarregados e apenas
 10% dos docentes acham que a sua profissão é valorizada pela sociedade. Mas em geral a esmagadora
maioria está satisfeita com o seu trabalho.
 |



O maior inquérito internacional sobre professores, conduzido pela OCDE, envolveu mais de 100 mil docentes do 3.º ciclo do ensino básico e diretores de 34 países e economias
O maior inquérito internacional sobre professores, conduzido pela OCDE, envolveu mais de 100 mil docentes
 do 3.º ciclo do ensino básico e diretores de 34 países e economias / Tiago Miranda
Numa aula normal, os professores portugueses perdem em média um quarto do tempo a manter a ordem na
sala e a realizar tarefas administrativas. É um dos valores mais altos da OCDE (e da Europa em particular,
só superado por dois países), sobretudo por causa do tempo que os docentes dizem gastar em sossegar os
 alunos: 15,7%, contra uma média de 12,7%. No final, o tempo realmente dedicado a ensinar fica nos 75%.
Este é apenas um dos dados analisados no maior inquérito internacional sobre professores, conduzido pela OCDE
e que envolveu mais de 100 mil docentes do 3.º ciclo do ensino básico e diretores de 34 países. O estudo, divulgado
 esta manhã, chama-se TALIS (Teacher and Learning Internationla Survey) e pretende ajudar a definir políticas e
 medidas que ajudem a construir uma classe docente de alta qualidade.
Ainda no que respeita à disciplina, outros números confirmam que este é um dos aspetos que afeta muitos professores
 portugueses. Quatro em cada dez dizem que quando as aulas começam têm de "esperar bastante tempo até que os
 alunos acalmem", tantos quantos os que afirmam "perder um tempo considerável por causa das interrupções dos
estudantes durante as aulas". Tudo somado, um terço considera que "há demasiado barulho e perturbação na sala".
Todas estas respostas superam em muito a média registada na OCDE.

Atrasos e vandalismo
O facto de os alunos chegarem atrasados às aulas é outros dos fatores que os diretores dos estabelecimentos de
ensino apontam com mais frequência: mais de metade (58%) respondem que isso acontece pelo menos uma vez por
 semana entre os estudantes da escola. Atos de vandalismo e roubo, embora minoritários, também ultrapassam a média
da OCDE (7,4% contra 4,4% dos diretores dizem que tal acontece semanalmente). Com expressão ainda mais reduzida
 encontra-se o uso e posse de drogas e de álcool (3,6%), não deixando, no entanto, de ser o segundo valor mais alto
da OCDE, só ultrapassado pelo Brasil.
Quanto aos horários de trabalho, o TALIS conclui que os professores portugueses são dos que dedicam mais horas à
profissão.
Em toda a OCDE só três países se destacam com valores superiores e são asiáticos. Ao todo, os docentes portugueses
dizemque trabalham 44,7 horas por semana, contra uma média de 38,3 na OCDE. Curiosamente, na Finlândia, conhecida
pelos seus bons resultados educativos, o número é dos mais baixos - 31,6.
Entre os fatores que sobrecarregam os horários não está tanto o tempo despendido em aulas, que está próximo da média,
 mas o tempo que se passa a corrigir os trabalhos dos alunos e que não tem paralelo com mais nenhum país: são 9,6 horas
por semanaquando a média da OCDE se fica por metade. Aparentemente, não são só os alunos portugueses que são
 chamados a fazer mais trabalho extra-escola, já que os próprios professores têm depois de avaliá-los.
Outro aspeto em que Portugal se destaca é no facto de os professores consagrarem mais tempo do seu trabalho a tarefas
administrativas e a preencher papéis (3,8 horas por semana), um valor que só é ultrapassado por alguns países asiáticos e,
na Europa, pela Suécia.
Apesar de considerarem que, de uma forma geral, não são reconhecidos pelo seu trabalho  - apenas 10% responderam
concordar com a afirmação de que a sociedade valoriza a profissão docente e a média da OCDE é o triplo - e de quase
metade pensar se seria melhor ter escolhido outra profissão, a esmagadora maioria (94,1%) está satisfeita com o trabalho.
Mais até do que a média.
Ainda assim, há 16% de 'arrependidos', que preferiam ter escolhido outra profissão. A média na OCDE fica-se pelos 9,5% e
só na Coreia e Suécia há um descontentamento maior. 


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/professores-portugueses-sao-dos-que-perdem-mais-tempo-a-manter-a-disciplina-nas-aulas=f877634#ixzz35g2ePAWu

Sem comentários:

Enviar um comentário