domingo, 30 de novembro de 2014
Andar aos dias: Infância(s) e contexto(s)
Andar aos dias: Infância(s) e contexto(s): Mais um sábado pedagógico. Obrigada às oradoras, Adelaide e Esmeralda por tão bem retratarem o seu oficio e nos oferecerem relatos de práti...
Para que serve o jardim de infância?
“Quem não sabe brincar, não sabe pensar”, defende o psicólogo
Eduardo Sá, para quem devia ser “obrigatório” brincar todos os dias.
As declarações, em entrevista Pais&filhos/TSF a propósito do seu
último livro “Hoje Não Vou à Escola!”, surgem a propósito da “utilidade”
do jardim-de-infância, um espaço que, diz, deveria servir sobretudo para
praticar educação física, desenhar, brincar… e contar histórias. Porque
“quanto mais transformamos a realidade numa história, mais
matizamos o pensamento de afeto”.
sábado, 29 de novembro de 2014
“A escola que conhecemos vai desaparecer”
“A escola que conhecemos vai desaparecer”
Daniel dos SantosAntónio Nóvoa, doutor em ciências da educação pela Universidade de Genebra, diz que o velho prédio escolar será substituído por uma instituição que vai muito além da sala de aula
Olhe bem para a escola que você conhece. Ela vai desaparecer. E não é algo para um futuro distante. Os educadores atuais serão responsáveis por esse processo de transição. É o que acredita António Nóvoa, doutor em ciências da educação pela Universidade de Genebra e doutor em história pela Universidade de Paris. Durante sua palestra na Educar Educador, que teve como tema “A construção coletiva do projeto educativo na escola” ele afirmou que “debaixo dos nossos olhos e perante uma certa indiferença da nossa parte, estão acontecendo três revoluções”.
Segundo ele, a primeira delas é a revolução na aprendizagem, que será impulsionada pela tecnologia. “Não se trata de transformar a revolução digital em uma coisa mágica, que vai resolver todos os nossos problemas. É uma mudança histórica de grande significado. Ela está mudando a nossa maneira de sentir, o nosso modo de viver e nossa maneira de aprender”, explicou.
De acordo com Nóvoa, a tecnologia tem potencial para colocar nas mãos dos professores as ferramentas com as quais ele tem sonhado nos últimos anos. “A ironia é que nós pedagogos e educadores humanistas, que sempre fomos céticos em relação a tecnologia, vemos que ela pode finalmente colocar em nossas mãos as ferramentas necessárias parar concretizar o nosso ideário pedagógico”, afirma ele, referindo-se a questões como a individualização do ensino, diferenciação pedagógica e autonomia dos educandos, entre outras.
A segunda revolução está relacionada à sala de aula. A mudança nos ambientes de aprendizagem está transformando a estrutura da escola e acentuando as dinâmicas de interação, de partilha e de construção coletiva de um projeto educativo. Segundo ele, o modelo atualmente utilizado na grande maioria das salas de aula, com professor que transmite para os alunos a informação em uma via de mão única foi criado em 1867 e não atende mais as nossas necessidades. “Nunca pensamos a escola como um espaço integrado, ele está mais para uma soma de salas de aula”, destaca.
Em sua opinião, veremos nos próximos anos uma multiplicação de espaços de compartilhamento do conhecimento, com professores trabalhando em conjunto para produzir um projeto escolar muito diferente atual.
Finalmente, a terceira revolução está relacionada ao que ele chamou de cidade educadora. “Chegou o tempo de pensar a educação para além da escola, de compreender todas as dimensões educativas que existem na cidade, na sociedade”, explica. De acordo com o palestrante, quando o modelo atual de instituição de ensino foi criado, as escolas eram pequenos prédios no meio do nada, com pouca gente nas cidades.
“A escola vivia num deserto cultural e dominado o conhecimento. Hoje, a paisagem dos nossos países mudou muito. Mas a escola continua a trabalhar como se não fizesse parte de um conjunto imenso de possibilidades educativas”, explica. “Precisamos de uma escola mais modesta, que entendam que as cidades têm um potencial educativo imenso”. Segundo ele, a escola como um prédio está com os dias contados. “Teremos uma instituição que vai além da dimensão física”, completa.
Falar igual ao bebê acelera desenvolvimento da linguagem
Estudo aponta que conversar com seu filho de forma infantilizada pode ajudar no desenvolvimento da fala e aumentar o vocabulário da criança. Entenda.
Por Pâmela Reis - atualizada em 29/01/2014
Seu bebé nasceu e, de repente, o tom das conversas pela casa mudou. As vozes ficam mais agudas, as sílabas se alongam, as vogais se arrastam e, de repente, em meio a bicos e caretas, surge um “Quem é o neném da mamãaaaaae? Quem éeeee? Quer pa-pá, queeer?”. A cena pode ser cómica, mas não se envergonhe! Um novo estudo acaba de mostrar que falar com o bebé desse jeito exagerado pode ajudar a acelerar o desenvolvimento da linguagem da criança.
A constatação vem de uma pesquisa feita pelas universidades de Washington e de Connecticut, nos Estados Unidos. Os pesquisadores analisaram a interação entre filhos de um ano e seus pais e chegaram à conclusão de que não é a quantidade de palavras que o bebé ouve, mas sim a forma como as palavras são ditas que estimula a fala e a formação do vocabulário.
A equipe monitorou 26 bebés por quatro dias, durante oito horas diárias. As crianças usavam roupas equipadas com gravadores de áudio e os trechos de conversa gravados foram posteriormente analisados. No experimento, quanto mais os pais pronunciavam as frases de forma exagerada – algo que os pesquisadores chamam de “baby talk” –, mais o bebé
balbuciava em resposta, um ato que precede a formação de palavras.
Mais tarde, quando as crianças completaram dois anos, os pais preencheram um questionário que media quantas palavras seus filhos conheciam. Resultado: as crianças cuja família havia usado mais “baby talk” sabiam, em média, 433 palavras; já aquelas cujos pais priorizavam a linguagem normal, evitando o “baby talk”, conheciam apenas 169 vocábulos.
“O que nossa análise mostra é que a prevalência de fala infantilizada está ligada ao melhor desenvolvimento da linguagem, tanto no presente quanto no futuro”, diz Patricia Kuhl, coautora do estudo. “Não basta falar, falar e falar com a criança. O mais importante é trabalhar a interação e o envolvimento com a linguagem”. Ela afirma que o objetivo deve ser engajar a criança na conversa e fazer com que ela balbucie em resposta. Quanto mais isso acontecer, melhor será o desenvolvimento da fala.
Sem erros
Para Carolina Ruiz, coordenadora do serviço de fonoaudiologia do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, os resultados do estudo podem estar associados à musicalidade da voz. “A audição é um sentido desenvolvido ainda dentro do útero, e sons agudos muito melódicos chamam a atenção da criança depois que ela nasce”, diz a especialista. “Quando falamos com um som infantilizado, colocamos muito mais melodia na fala, o que atrai atenção e faz com que a cognição da criança seja ativada, ajudando no desenvolvimento neurológico e, consequentemente, no desenvolvimento da fala”.
Vale ressaltar que a fala infantilizada não deve ter erros. É comum que os pais passem a pronunciar palavras erradas porque acham bonitinho o modo como o filho fala, mas isso acaba reforçando o erro e retardando o aprendizado. Por isso, mesmo dando ênfase aos sons, ao ritmo e às vogais, faça sempre a pronúncia correta das palavras.
A fonoaudióloga do Hospital Infantil Sabará, Denise Madureira confirma que falar com o bebê numa linguagem mais acessível e próxima da dele pode ser benéfico, contanto que se limite a determinada fase do desenvolvimento. “Não há problema quando a mãe tenta entrar na linguagem do bebê. Isso até fortalece o vínculo e faz com que a criança se sinta mais segura. O importante é saber quando parar”, alerta.
Segundo Denise, prolongar demais a infantilização da fala pode ter o efeito contrário e acabar atrapalhando o desenvolvimento natural. “A partir do momento em que a criança já anda, tem contato com as pessoas e consegue se socializar, ela não precisa mais desse apoio [linguístico]”, afirma. Ela aconselha que, aos poucos, os pais passem a falar normalmente, acompanhando a própria evolução do filho.
Carolina Ruiz complementa: “Depois de um ano a criança já tem audição seletiva e consegue direcionar a atenção dela para um som apenas. Com essa capacidade, ela não precisa de estímulos a mais para chamar a atenção”.
Olho no olho
Outra dica importante para ajudar no desenvolvimento linguístico dos bebês é manter o contato visual durante os diálogos. Para Carolina Ruiz, o que prende a atenção do bebê é o tom da voz, a expressão facial e a linguagem corporal. “Por isso, um dos pontos principais é falar olhando no olho da criança. Quando você fala face a face, ela tem o apoio visual da movimentação do seu lábio e isso é muito importante no desenvolvimento da linguagem”, diz a fonoaudióloga.
A mesma pesquisa americana concluiu que conversar com o bebê a sós, sem a presença de outros parentes ou crianças, é mais eficiente para o desenvolvimento da fala do que conversar em meio a um grupo grande de pessoas. Denise sugere ainda que as mães aproveitem as horas de intimidade com o filho para estimular a fala. “Pode ser na hora da alimentação, no banho, na troca da fralda, em momentos que favorecem a proximidade. Quanto mais a criança tiver esse apoio, melhor ela vai se desenvolver”.
As fonoaudiólogas dão mais duas dicas para os pais. A primeira é não deixar que a linguagem gestual ocupe o lugar da fala. Ou seja, se a criança aponta para pedir um brinquedo em vez de dizer o que quer, os pais não devem simplesmente entregar o objeto. O melhor é que digam o nome do brinquedo antes de entregá-lo, incentivando assim a criança a verbalizar suas ideias.
A segunda dica é ficar de olho na alimentação, um fator importante para o fortalecimento da musculatura facial, que terá impacto direto na fala. Denise aconselha que, a partir dos sete meses, os bebês passem a receber comidas mais consistentes de diferentes tipos, o que ajuda a desenvolver a mastigação e, consequentemente, os músculos e articulações do rosto.
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
domingo, 23 de novembro de 2014
sábado, 22 de novembro de 2014
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
terça-feira, 18 de novembro de 2014
da educação e das expressões artísticas: leitura [educação]... dos contratos e da municipal...
da educação e das expressões artísticas: leitura [educação]... dos contratos e da municipal...: via a educação do meu umbigo... Mec 2014_proposta, Contrato de Educação e Formação Municipal - Minuta, Oliveira de Azeméis [23 Out] by...
Conflitos do dia a dia: o que fazer quando a criança não quer obedecer?
Conflitos do dia a dia: o que fazer quando a criança não quer obedecer?
Você fala para colocar o sapato vermelho e a criança quer colocar o branco; é hora do banho e ela quer continuar brincando… Esses tipos de situações fazem parte do dia a dia de pais e filhos e geram confrontos entre o que é imposto para a criança e o que ela quer fazer. A forma de lidar com esses impasses, porém, ainda causa muitas dúvidas. Os pais sabem que sempre atender aos desejos da criança pode fazê-la acreditar que tudo gira ao redor de suas necessidades e desejos, por outro lado, impor regras e limites de maneira muito dura e rígida provoca na criança a experiência do “amor condicional”, ou seja, ela assimila a ideia de que se for desobediente corre o risco de “perder” o amor dos pais.
Assim, esses dois extremos devem ser evitados, o que deixa claro que é preciso encontrar uma maneira que represente um meio-termo entre esses estilos de lidar com os conflitos do dia a dia. Um caminho possível para se alcançar esse equilíbro (no qual a criança pode aprender com as experiências em que seus desejos não são atendidos, sem acumular mágoas na relação com os pais por se sentir injustiçada ou incompreendida) é o diálogo.
Quando existe uma via de diálogo estabelecida na relação dos pais com seus filhos, a criança sente que existe um lugar para expressar seus sentimentos, desejos e opiniões. E, principalmente, ela se sente protegida porque do outro lado estão pais que têm a capacidade de discriminar se o que ela deseja fazer é algo que contribuirá ou não para o seu bem-estar e desenvolvimento. Para tanto, quando os pais falam o que precisa ser feito e a criança argumenta, é importante ouvir o que ela tem a dizer, respeitar o seu ponto de vista e ter paciência para explicar o sentido do que está sendo imposto, de um modo que ela possa entender que se trata de um cuidado. Por exemplo: “Você precisa ir dormir agora, senão amanhã você acordará cansada”. No dia seguinte, quando ela estiver bem disposta porque dormiu cedo, é importante recordá-la: “Está vendo? Você está se sentindo bem porque foi dormir na hora certa”.
Cabe ainda avaliar se o que a criança deseja fazer pode ser atendido ou não. Existem situações como, por exemplo, quando a mãe escolhe a roupa do(a) filho(a) e ele(a) expressa seu desejo de se vestir de outra forma. Dependendo da idade da criança, o desejo dela pode prevalecer. Em outras situações, como quando a criança está entretida em uma atividade e é hora do banho, é possível negociar e combinar quanto tempo ela ainda poderá se dedicar à sua atividade antes do banho.
Ou seja: quando a via do diálogo está estabelecida, os pais têm o exercício constante de discriminar as situações nas quais as regras devem ser impostas, aquelas em que as imposições precisam ser cumpridas, mas podem ser negociadas, e aquelas situações em que o desejo da criança pode prevalecer.
Essa forma de lidar com os conflitos do dia a dia pode ser cansativa, porém, reconhecer e respeitar as necessidades e os desejos da criança – mesmo quando estes não podem ser atendidos – é uma forma de educar que permite espaço para que não apenas desejos sejam compartilhados, mas, principalmente, sentimentos e experiências. Quando o diálogo se estabelece, a criança conhece o caminho pelo qual pode encontrar a outra pessoa. Por isso, no diálogo, a criança nunca está sozinha.
Carla C. Poppa
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
La psico-goloteca: PROBLEMAS EN LA ESCRITURA, EXPLICACIÓN y RECURSOS
La psico-goloteca: PROBLEMAS EN LA ESCRITURA, EXPLICACIÓN y RECURSOS: La escritura supone un proceso inverso a la lectura en el cual hay un mismo código como protagonista. De ahí que exista una relación funcio...
domingo, 16 de novembro de 2014
sábado, 15 de novembro de 2014
O nosso Natal é como o dos príncipes do século XIX
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sexta-feira, 14 de novembro de 2014
PEQUENIÑOS : Pequeninos e Rebeldes. Porque?
PEQUENIÑOS : Pequeninos e Rebeldes. Porque?: Pedrinho tem apenas 18 meses e muitas vezes parece saber bem o que quer, quando a mãe não faz o que ele deseja, Pedro se joga no ...
PEQUENIÑOS : Crianças sem limites? O que fazer? Quais as conseq...
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quinta-feira, 13 de novembro de 2014
O poder do abraço
Escrito por Teresa Diogo
Terça, 22 Julho 2014
As crianças precisam de demonstrações
físicas de afeto para se sentirem amadas e crescerem felizes. O toque ajuda-as
a gerir emoções, a aprender melhor e até a serem mais resistentes às doenças.
Já abraçou o seu filho hoje?
Mimo nunca é demais
Precisamos de quatro abraços por dia para
sobreviver, oito para manutenção do bem-estar e 12 para crescer. A quantização
é da conhecida psicoterapeuta norte-americana Virginia Satir e, embora possa
parecer exagerada face ao ritmo alucinado a que tantas vezes vivemos, a verdade
é que a necessidade do abraço é bem mais profunda – quase orgânica – do que
imaginamos.
“Os abraços são tão vitais para a saúde e
desenvolvimento das crianças como a comida e a água”, defende a psicóloga Ana
Margarida Marcão, da Oficina da Psicologia, explicando por que é o toque tão
importante desde cedo: “Um bebé reconhece os seus pais inicialmente pelo toque
e cerca de 80 por cento da sua comunicação é feita através do movimento
corporal. Portanto, é mais fácil comunicar com eles pelo contacto físico. Um
abraço ‘dirá’ à criança que ela é amada, querida, protegida e que está em boas
mãos, dando-lhe uma sensação de segurança de uma forma que as palavras não
conseguem”.
E este toque é primordial desde o primeiro
minuto para estimular o processo de vinculação, que vai refletir-se no desejado
desenvolvimento saudável e equilibrado da criança. “O contacto corporal
mãe-bebé, desde os momentos imediatos ao parto, resulta em efeitos positivos na
interação entre os dois, observados quer a curto quer a longo prazo”, confirma
a psicóloga clínica Carolina Martins Faria, do Gabinete de Psicologia,
acrescentando que “ao longo do desenvolvimento, as manifestações de afeto,
consistentes, previsíveis e sensíveis, são essenciais para a construção de laços
afetivos e para uma relação de confiança com os pais”. Além dos benefícios de
uma vinculação segura, “o conforto proporcionado pelo contacto corporal
(abraçar, tocar) é uma ferramenta importante na gestão emocional,
particularmente em crianças pequenas”. Ou seja, ajuda a criança a regular as
suas reações quando é confrontada com situações de stresse ou com emoções
negativas.
Mas os benefícios do toque não se limitam
apenas ao plano emocional: há todo um conjunto de efeitos positivos também a
nível físico que não devem ser menosprezados: “O afeto e cuidado transmitidos
através do toque aumentam os níveis de oxitocina no cérebro”, explica Ana
Margarida Marcão. A ocitocina (hormona libertada na corrente sanguínea) “relaxa
o corpo, diminuindo o ritmo cardíaco, a pressão arterial e os níveis de
cortisol”. O excesso de cortisol no cérebro (em resposta a situações de
stresse) “afeta o desenvolvimento do sistema límbico, que controla e gere as
emoções, e interfere também com a capacidade da criança para aprender e crescer”.
Assim, sublinha a psicóloga, “o toque tem um papel significativo na capacidade
da criança regular as suas próprias respostas ao stresse”. Um abraço promove
ainda “a libertação de dopamina (uma hormona que atua como um estimulante),
criando uma sensação de prazer no cérebro” e “reforça o sistema imunológico, ao
aumentar os níveis de hemoglobina (que transporta o oxigénio aos nossos órgãos
e tecidos) no sangue”. Afinal um abraço não é “só” uma reconfortante
manifestação de afeto, é um ato quase mágico, com um poder que tem tanto de
ancestral e profundo como de inesperado.
Dos
prematuros aos idosos
A investigadora norte-americana Tiffany
Field, diretora do “Touch Research Institute” do Departamento de Pediatria da
Universidade de Miami, estuda há mais de 30 anos o poder do toque ao longo das
várias fases da vida, desde o nascimento à velhice, e não tem dúvidas de que o
contacto físico é “muito importante”. “Desde o abraço à massagem, o toque tem
efeitos positivos na saúde, ajudando a reduzir a dor, a ansiedade e a
agressividade, promovendo a estimulação do sistema imunitário, melhorando a
saúde cardiovascular… e sem efeitos secundários”, afirmou à Pais&filhos. O
interesse da pediatra pelo toque surgiu, numa primeira fase, quando se debruçou
sobre os bebés prematuros e a forma como podem ser ajudados a ganhar peso.
“Descobrimos que os prematuros que recebem
massagens ganham peso mais depressa, respondem melhor aos estímulos sociais e
vão para casa mais cedo”, explicou. A partir daí, Tiffany Field e a sua equipa
têm realizado dezenas de estudos sobre os efeitos do toque, não só nos bebés
como ao longo de toda a vida. Um das suas investigações, publicada no “Early
Child Development and Care”, em 1999, concluiu que as crianças em idade
pré-escolar que recebem mais demonstrações físicas de afeto dos pais são menos
agressivas para os seus pares na escola.
Perante isto, valerá a pena refletir:
quantos abraços (não) damos aos nossos filhos na correria do dia-a-dia? Antes
de nos deixarmos amargurar com este pensamento, Carolina Martins Faria lembra
que “mais importante do que a quantidade, é proporcionar abraços e
manifestações de afeto enquadradas numa relação responsiva e sensível às
necessidades do outro. Isto é, os abraços devem surgir de uma forma adequada ao
contexto e aos sinais que nos são transmitidos pelo outro, respeitando as
caraterísticas individuais de cada um, de forma a não serem intrusivos e
percecionados como negativos”.
Isto é especialmente importante na
adolescência. Um abraço “imposto” à frente dos amigos pode ter um efeito oposto
ao desejado. “Os pares dos adolescentes são muito importantes para eles e eles
importam-se com o que pensam. Envergonhá-los à frente dos amigos é uma muito má
ideia”, lembra Ana Margarida Marcão. Não é que os adolescentes não precisem de
abraços, pelo contrário, mas é preciso respeitar toda a transformação que estão
a viver e que muitas vezes conduz a um desinvestimento no que diz respeito às
demonstrações de afeto entre pais e filhos.
“O confronto com a novidade, com um corpo
em transformação, com todo um novo mundo emocional (turbulento) e a
constituição de uma nova identidade, levam a que o adolescente necessite de
deixar os laços demasiado próximos com os pais e de interromper as ações
anteriores que com eles tinha”, explica a psicóloga, sublinhando, contudo, que
“existem muitas razões para abraçar um adolescente, incluindo os rapazes: eles
estão diariamente numa montanha russa emocional, não entendem realmente porque
sentem o que sentem e isso fá-los sentirem-se muito desconfortáveis. Um grande
abraço da mãe ou do pai pode ser muito benéfico, se dado corretamente”. Até
porque “os adolescentes precisam saber que podem contar com os pais” e abraçar
pode ser o suficiente para que se sintam seguros. Mas se esta aproximação
parecer mesmo desadequada, Tiffany Field lembra que há outras formas de
contacto físico menos “intrusivas” para o adolescente: “Eles adoram uma
massagem nos ombros, desde que lhes perguntemos primeiro!”.
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Mimo nunca é
demais
Por tudo isto, é natural que as
demonstrações físicas de afeto estejam mais presentes na infância, altura em
que as crianças estão mais dependentes dos pais e que a própria satisfação das
suas necessidades básicas implica um contacto mais próximo. “À medida que as
crianças se desenvolvem (física, cognitiva e emocionalmente), tendem a procurar
a independência dos vários adultos a quem estão vinculadas, diminuindo a
necessidade deste contacto físico”, diz Carolina Martins Faria. Em
contrapartida, “passam a necessitar de outras manifestações de afeto, verbais e
comportamentais, de maior complexidade, que as apoiem nos novos desafios das
etapas do seu desenvolvimento”. Outra das razões que pode contribuir para este
desinvestimento é a ideia de que “muitas demonstrações de carinho estragam a
criança com mimos”. “Esta ideia é errada, as crianças não são ‘estragadas’ por
demasiado afeto, são ‘estragadas’ por falta de disciplina”, sublinha Ana
Margarida Marcão.
Visto de uma perspetiva mais simplista, a
carência de abraços pode ser apenas uma questão de falta de tempo. “Os pais são
seres humanos, não são máquinas nem têm super poderes e há dias em que tudo o
que conseguem fazer, depois de terem passado o dia todo no trabalho, é
satisfazer as necessidades mais básicas, funcionais, das crianças:
alimentá-las, dar-lhes banho e pô-las a dormir a uma hora decente para
conseguirem repetir tudo outra vez no dia seguinte. O tempo e a disponibilidade
física, intelectual e emocional para estar atento e investir na transmissão de afeto
vai-se perdendo nos árduos dias de trabalho, que deixam aos pais apenas um
escasso tempo livre para serem pais”, lamenta a psicóloga, sugerindo que “a
única forma dos pais manterem um laço forte com as suas crianças é construir um
hábito quotidiano de conexão ou ligação: por exemplo, dar um abraço à criança
antes de a deixar na escola, quando a vai buscar e quando a põe a dormir”.
Porque quando os pais investem mais na ligação à criança “tudo muda”, lembra
Ana Margarida Marcão.
“O MEU PAI NUNCA ME ABRAÇOU!”
Quantas vezes terá sido repetida esta
frase em jeito de ressentimento, em desabafos confidentes ou em sessões de
terapia? Referida quase sempre com tristeza e mágoa, a carência de
desmonstrações de afeto na infância pode mesmo deixar marcas para a vida. “A
falta de afeto físico e intimidade emocional podem causar grande dor
psicológica a uma criança e essa dor pode persistir na idade adulta como a
causa subjacente de disfunção social”, confirma a psicóloga Ana Margarida
Marcão. E explica: “A consciência do corpo está relacionada com a consciência
emocional e intelectual. A falta de toque e espontaneidade emocional nas
famílias leva a que os indivíduos não aprendam a reconhecer as suas próprias
experiências emocionais”. Assim, podem vir a “reprimir as suas emoções, sofrer
de doenças psicossomáticas e/ou confundir a necessidade de simples afeto físico
com desejo sexual”. A ausência de demostrações de afeto e falta de toque
“conduz a ressentimento, raiva e à sensação de não se ser querido”. Por tudo isto,
as crianças “precisam ser tocadas e acarinhadas para desenvolverem intimidade
emocional”. E tudo pode começar com um abraço, sublinha a psicóloga.
INSTINTO MILENAR
Há séculos que as mães sabem,
instintivamente, que o toque tem um poder extraordinário: é através dele que
acalmam o bebé que chora, pegando-lhe ao colo, confortando-o nos braços, ou
massajando-lhe a barriga quando tem cólicas. Mais tarde, quando caem e se
magoam, não há curativo melhor do que um beijinho da mãe. Os estudos
científicos vêm apenas confirmar o que as mães já sabiam: o toque tem poderes
benéficos para a saúde e o bem-estar. E com esta crescente evidência, há cada
vez mais hospitais a incorporar terapias complementares, como as massagens, aos
protocolos para doentes oncológicos ou do foro cardiovascular, por exemplo. Os
efeitos não surgem só através de terapias mais sistematizadas, como a
reflexologia, mas de gestos tão simples como partilhar um abraço, fazer uma
massagem nos ombros ou simplesmente dar as mãos. Para perceber o poder do
toque, basta olhar, por exemplo, para o hábito milenar das mães indianas, que
massajam instintivamente os seus bebés, estimulando e fortalecendo o vínculo
entre os dois. Na realidade, a massagem Shantala é “só” um momento diário de
afeto entre a mãe e o bebé, que faz parte da rotina dos cuidados ao
recém-nascido, mas que resulta num desenvolvimento mais saudável e harmonioso
do bebé.
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