terça-feira, 29 de julho de 2014

Ai se eu fosse professor!





Ai se eu fosse professor!

Quantas boas e más memórias de professores influenciaram as nossas vidas
positiva e negativamente, ainda que não respectivamente? Quantos
professores foram decisivos para sermos o que somos hoje, para o bem e para o mal?
 |
 



A educação, o comportamento e o sucesso escolar eram há 30 anos determinados
em grande parte pelos professores nas salas de aula, em conjunto com a família em casa. 
Não sei em que percentagem exactamente mas diria que em partes iguais, a julgar pela 
semelhança do tempo dispensado e do número e tipologia de castigos corporais e outros.
Nessa altura, não só as famílias passavam mais tempo com os petizes e jovens adultos do
que actualmente, como também estes dispunham de menos factores de distracção e de 
realidades alternativas, resumindo-se os estímulos externos a brincar na rua e fazer os
 trabalhos de casa, pois nem a televisão lhes valia.
Hoje em dia, não só o tempo (e paciência) dispensado pela família é muito menor, como
 também os estímulos externos são incomparavelmente maiores, o que faz recair o ónus
da educação, em sentido lato, nos professores e nas escolas, onde passam agora a 
maior parte do tempo.

Com a agravante da actual criminalizacao dos castigos corporais e outros, outrora 

tão eficazes, quer na escola quer em casa.

Infelizmente para os professores actuais e para Portugal, o boom de natalidade dos filhos
 da revolução de Abril não teve sustentabilidade, causando uma redução drástica no número 
de alunos actuais e futuros, enquanto jovens licenciados não pararam de cumprir o seu sonho
 ou vocação de serem professores.
Como se estes factores conjugados não fossem já suficientemente maus, a crise recente
veio pressionar ainda mais a classe através da racionalização de meios, desde o fecho de
 escolas a turmas com mais alunos.
Pela crescente importância dos professores e da escola na educação dos futuros políticos, 
empresários e professores portugueses, bem como pelo facto de constituírem actualmente
2ª profissão com maior nível de desemprego, devem ser respeitados e apoiados nestes
 difíceis tempos de mudança e de adaptação da sociedade portuguesa, que todos tentamos
 ultrapassar.
Sendo já evidente e comprovada a reduzida natalidade passada, presente e infelizmente
 futura, a par da necessidade de contenção ou até redução de despesa pública e o excessivo 
número de professores face ao número de criancinhas e adolescentes para educar, só nos 
resta arranjar uma solução para os professores em excesso.

Uma vez que fomos e continuamos a ser impotentes para aumentar a natalidade!


A solução passará sempre por identificar os professores em excesso, através de critérios de
 selecção mais ou menos atacáveis e pela reconversão dos excedentes para a vida activa,
 de acordo com as aspirações e capacidades de cada um aplicadas às necessidades 
actuais e futuras do mercado de trabalho.
Se eu fosse professor, tentaria fazer parte da solução em vez de apenas ser parte do
 problema. Mas para isso seria necessário entender a dinâmica actual aqui exposta para 
dialogar e negociar com o empregador, neste caso o Estado, ou seja, com todos os
portugueses.
Se eu fosse professor, não aceitaria estar nas mãos de sindicalistas que têm uma agenda 
própria, muito diferente da dos professores. Que dizem que uma prova de avaliação já não vai 
ser feita sem responsabilidade nem vergonha. Que não conseguem dialogar e muito menos
 negociar com diferentes governos, sejam de esquerda ou de direita. Que argumentam com o 
reduzido prazo de aviso da nova prova, quando se trata de uma 2ª oportunidade para os 
professores fazerem agora a prova que não fizeram com os restantes em Dezembro último
 e que era expectável que fosse realizada a qualquer momento.
Se eu fosse professor, não aceitaria conselhos para não fazer a prova e para boicotar a
 prova dados por carreiristas pseudo-políticos que querem liderar a oposição ao governo,
 de forma muito pouco louvável. Que sujeitam os professores a situações muito 
embaraçosas que em nada orgulham e beneficiam a classe. Que ainda nem sequer
 perceberam que não têm nada para oferecer aos professores a não ser afastar cada
 vez mais uma solução possível, que se deteriora com o passar do tempo e com as suas 
acções. Que insistem em guerras para justificar a sua existência e as suas aspirações 
políticas em vez de aceitar um cessar fogo e negociar a paz possível.
Se eu fosse professor contratado, já tinha ido para sindicalista ou então partido para outra. 
Com ou sem malas feitas!


Sem comentários:

Enviar um comentário