segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Um método onde os alunos 'votam' o que querem aprender




'A Escola para o meu Filho'

Um método onde os alunos 'votam' o que querem aprender

Termina esta sexta-feira a série de cinco reportagens do Expresso sobre escolas certificadas, na área de Lisboa, onde as famílias podem aliar um bom sistema de ensino a métodos que desenvolvem outras capacidades das crianças, recorrendo a pedagogias menos convencionais. Na escola de hoje, a experimentação é mais importante do que os livros.
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DEMOCRACIA Os alunos participam na assembleia na escola Os Aprendizes, em Cascais, que se realiza todas as semanas, para debaterem as atividades
DEMOCRACIA Os alunos participam na assembleia na escola Os Aprendizes, em Cascais, que se realiza todas as 
semanas, para debaterem as atividades  / Foto Tiago Miranda

No colégio Os Aprendizes, em Cascais, as salas não têm secretárias alinhadas de frente para o professor.
Os alunos de cinco anos, que passaram agora para o 1.º ano, sentam-se em torno de uma mesa redonda. Estão
numa assembleia.
Os adultos também estão presentes, camuflados por entre as crianças e perguntam-lhes, entre outras coisas, o que é
que gostaram ou não, de fazer durante o ano letivo. A assembleia realiza-se todas as sextas-feiras à tarde e serve
para ensinar as crianças a responsabilizarem-se pelas suas decisões.
Um dos conceitos base é de que nada é decorado ou estudado através dos manuais mas através da experiência.
"O adulto provoca mas quem chega à informação é o aluno, sempre através da experimentação. Nós não nos guiamos
pelo manual", explica ao Expresso a diretora Sofia Borges, que abriu este espaço quando se viu com dificuldades para
 encontrar uma escola que gostasse para os seus filhos.Para se "perceber melhor, em vez de aprenderem o funcionamento
 do sistema digestivo nos livros, os alunos vão para o moinho que  temos lá fora, põem areia e ela vai percorrendo o seu
 caminho como percorreria no corpo humano."
O mesmo aconteceu quando tiveram que aprender os pontos cardeais. Neste caso, explica, "os alunos foram para a
 rua e perderam-se intencionalmente para  depois conseguirem encontrar o caminho de volta, apenas com uma bússola",
explica a diretora. Professores fazem guião, alunos decidem o que querem aprender.
O colégio Os Aprendizes segue o plano curricular do Ministério da Educação, mas são as crianças que escolhem os temas
que querem estudar todas as semanas. Aos professores, compete fazer o guião de acordo com o tema.
Na sala do professor de português, Pedro Madeira, há uma parede repleta de guiões com vários temas da disciplina, que a
criança pode escolher trabalhar individualmente ou em grupo. "Existe uma cultura de não se perguntar às crianças o que
pensam mas nós aqui perguntamos", diz a diretora: "Somos todos diferentes. Já existe um currículo igual para todos e já
existe uma expectativa de que todos aprendam as mesmas coisas. Ao menos, que se permita que cada um aprenda ao seu
ritmo e da sua forma."Para além das disciplinas comuns a todo o ensino, as crianças têm aulas de yoga, meditação, oficina
das artes e teatro,bem como um grande contacto com a natureza, fomentado por um jardim cheio de árvores e flores.
Todas as classes têm um animal como mascote, ora um cão, um peixe, um gato, um coelho ou um pássaro. Tudo isto para
promover laços afetivos com os animais e para facilitar e fortalecer a capacidade de comunicação das crianças.
"Nós olhamos para a criança como um todo. Ela está na escola para se desenvolver numa série de áreas e as
competências académicas são apenas algumas dessas áreas", diz a diretora Sofia Borges, enfatizando que dialogar,
articular ideias, saber fazer escolhas, viver experiências e retirar delas significado são as competências que o
método High Scope e os Aprendizes valorizam."Tenho a profunda convicção, que nasceu da experiência, que os alunos
 estão muito mais disponíveis para aprender quanto mais eu permitir que se expressem", conclui a diretora.
Alunos fazem sugestões para o próximo ano letivo
A última assembleia deste ano letivo terminou. As crianças comemoram o último dia de aulas e os professores
 acolhem as sugestões dos alunos atentamente contando que, no próximo ano, a assembleia continue pluralista
e democrática.Neste colégio, a alimentação é biológica e cuidadosamente estipulada por uma nutricionista.
 "Não faz sentido investir emmateriais que respeitem o ambiente e depois comer batatas fritas de pacote e Coca-Cola",
esclarece Sofia Borges.
 A escola tem dois dias de carne, dois dias de peixe e um dia de comida vegetariana.
O método pedagógico de Os Aprendizes baseia-se maioritariamente na pedagogia High Scope, indo buscar
 elementos ao método Waldorf e ao Movimento da Escola Moderna [ver reportagens anteriores e relacionadas
 com este artigo]. A pedagogia High-Scope, foi criada nos EUA na década de 60 por David Weikart, para combater
 o insucesso escolar.
Defende que a aprendizagem deve ser feita através da experiência e de interações sociais significativas,
porque se acredita que a  criança tem um papel ativo na construção do seu conhecimento.
'Bilhete de identidade' de Os Aprendizes:
Esta escola aposta num sistema de ensino que privilegia as interações positivas entre o adulto e a criança,
e o trabalho de equipa. 
Para além do método High-Scope, Os Aprendizes também se inspiram na pedagogia Waldorf e no
Movimento da Escola Moderna .
Idades: Aceita crianças dos 3 aos 12 anos (pré-escolar, 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico).
Horário: 8h / 18h30.
Preços: A mensalidade é de 356 euros. A inscrição custa 275 euros e o seguro escolar 35 euros.
 Os valores são iguais em todos os anos escolares.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/um-metodo-onde-os-alunos-votam-o-que-querem-aprender=f884238#ixzz3A7MfYORT

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